quinta-feira, 2 de julho de 2015

A trama


A TRAMA .'.

Em uma reunião matinal com os bruxos do oriente, o metre foi alertado, por seus conselheiros, sobre a trama que se armava em torno de seus interesses. Desta vez não se tratava de um inimigo. Mas de alguém próximo que, ao mesmo tempo teria bons interesses, dispunha também de segundas intenções. O mestre seria solicitado e induzido a cobrar algo pelo serviço que comumente presta em forma de oferenda.

Na tentativa de antecipar um trato com a terra, fora perguntado às entidades que representam o mestre: 'O que queres?' e 'O que ganho?'. Porém, o mestre posicionou-se precavido. Autorizando apenas tratos por escrito e rubricados pessoalmente. Assim, as entidades contaram ao mestre como fora a simulação de eventuais decisões e consequências.

A trama se baseava em dois pontos. Primeiro haveria uma tentativa de forjar um encanto, no qual o mestre, apaixonado, confundiria uma de suas conselheiras espirituais, que o acompanham desde menino, com uma jovem que surgiria do nada. Os bruxos lhe orientaram que lhe poderia ser reivindicado aquilo que visse na moça, mesmo quando se trata de algo que o mestre tem desde sempre.

Foram colocadas na mesa, as cartas que induziriam ao erro. O mestre foi alertado de que deveria evitar apaixonar-se. Que deveria manter-se isento de qualquer tipo de comercialização subjetiva ou metafísica. Principalmente as quais estão vinculadas à identidades. Mas sim, precisaria salvaguardar aquilo que tem e sente.

Outra possibilidade, de indução ao erro, consistiria na sugestão ao mestre de cobiçar algo de outra pessoa. Ou ‘sem outra pessoa’. Para que assim, algo lhe fosse cobiçado. Desta forma o mestre deveria evitar qualquer tipo de apropriação indevida e não autorizada. Para assim, salvar-se da submissão a tal medida. 

Por último, o mestre poderia ser induzido dispensar e ceder coisas que aparentemente estivessem fora de uso, para que assim fossem solicitadas. Ou, a liberar pessoas, as quais poderiam ser facilmente confundidas com seus aliados espirituais.  Desta forma seria acusado de ter desistido de alguém, o qual tentaria lhe cobrar algo que tem. Outras situações também foram antecipadas e mantidas em segredo.

Assim, na presença dos bruxos do oriente, o mestre invocou os deuses e espíritos iluminados que o acompanham, e explanou: 'Estamos a par da trama que se arma. Conto convosco para que possamos permanecer unidos além dos tempos. Aqui nos encontraremos outras vezes para celebrar a perpetuação de nossa aliança'. Sabendo que o martelo alheio poderia bater a qualquer momento, o mestre antecipou três batidas (Pah, Pah, Pah). Encerrando assim a sessão, antes mesmo de começar.


Juliano Dornelles

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