A acordeonista cansara de portar sobre suas costas sexagenárias, um acordeon que pesava 13 kg. O acordeon se tornara uma equação de difícil solução.
Ao viajar para a França, a dama vislumbrou na vitrine de uma loja um acordeon mais leve e funcional. Entrou e pediu ao vendedor para verificar as características do instrumento e dedilhou parte de uma música. Realmente, como parecia, era muito mais leve para segurar sobre os ombros. E era fabricado dentro dos padrões de alta tecnologia, possuindo inúmeros recursos.
Voltou à Porto Alegre, Rio grande do Sul, Brasil.
Certa manhã foi às compras num shopping da cidade. Olhou para a vitrine de uma loja de instrumentos musicais e viu, com surpresa, o mesmo modelo de acordeom que havia descoberto na sua ida à França. Entrou na loja e pediu ao vendedor para experimentar o instrumento. Colocou-o sobre os ombros e dedilhou uma melodia para apreciar, inclusive, os ritmos e sons que poderia tirar do instrumento.
Ao perceber que se tratava do mesmo instrumento cuja leveza havia lhe impressionado,pediu ao vendedor que o colocasse na capa apropriada e o embrulhasse devidamente.
O vendedor indagou, curioso, dirigindo-se à acordeonista:
- Mas a senhora não vai perguntar o preço do acordeom?
- E, por acaso, a arte tem preço?
Diante dessa resposta inusitada, o vendedor tratou de fazer logo a embalagem para evitar alguma advertência por parte da compradora que parecia ter uma palavra só.
A dama saiu da loja com o seu acordeon. E desejei que Deus desse a ela mais 40 anos de vida e assim, pudesse abrir seu leque sonoro, para transmitir a boa música. Pois só a música é o alongamento da alma.
E tenho encontrado a acordeonista nos eventos da cidade, com sua inigualável e original performance, sempre portando um belo sorriso para sua platéia entusiasta e receptiva.
Katia Chiappini